O Mito das Imagens Cinematográficas
Cinema não é sobre a aparência isolada; é sobre intenção e significado. Cada plano, cada luz, cada enquadramento deve estar a serviço da narrativa. Sem isso, o que resta são imagens bonitas, mas vazias. E o problema vai além. Como aponta o crítico Pablo Villaça, o espectador comum absorve apenas 20% de um filme – os elementos mais evidentes, como a atuação e a história (Leia o artigo completo). Os outros 80% são sentidos, e não percebidos conscientemente: direção de arte, fotografia, montagem e sons que se unem para construir algo maior. A estética cinematográfica, quando desprovida de conceito, não passa de uma casca vazia. É o que esses tutoriais ignoram: cinema é narrativa, não uma sequência de "truques" visuais.
Reels e TikToks são ferramentas audiovisuais legítimas e inovadoras, mas é um erro categorizá-los como cinema. Enquanto esses vídeos têm um propósito claro – atrair atenção rapidamente e gerar impacto imediato – o cinema trabalha com profundidade. A confusão entre essas linguagens não é apenas um erro técnico; ela banaliza a arte cinematográfica. Esses tutoriais que prometem "cinematografia instantânea" vendem a ideia de que cinema é puramente estético e metódico. Mas, sem conceito, não há cinema.
A obsessão por "imagens cinematográficas" sem conceito empobrece a compreensão do cinema como arte. Não é uma questão de filtros, equipamentos, enquadramentos ou iluminação – é uma questão de intenção. Não há nada de errado em querer criar algo visualmente belo. Mas, no cinema, isso nunca pode ser o ponto final. Beleza sem significado é descartável. Portanto, antes de aplicar o próximo filtro ou copiar o próximo tutorial, pergunte-se: o que essa imagem diz? Se a resposta for "nada", ela não é cinematográfica – é apenas bonita.
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